com a devida vênia
e já vai pensando em 2026
eu simplesmente não sei fazer uma introdução interessante, ou boa, para esse texto que nem sei ao certo do que quero falar. quer dizer, saber eu sei, mas são assuntos um pouco diversos mas que se conectam com um certo malabarismo, ou não. pronto, com uma coisa escrita no começo eu fico em paz de falar as coisas que quero aqui.
eu poderia ter feito isto na outra semana, no meio do fervor da condenação no bolsonaro e seus amigos, mas quis deixar passar um tempo para ver o que poderia vir na minha cabeça. não veio nada específico.
veio um pouco de medo, não vou mentir. sei que precisamos comemorar as pequenas vitórias, mas para mim foi um sorriso amarelo, desconfortável. uma sensação também de olhar para trás o tempo todo, aquele medo de que tem algo te seguindo.
nem o que aconteceu com o ativista estadunidense de extrema-direita me alegrou muito.
se por um lado temos uma galera que, mesmo sendo julgada, talvez nunca de fato cumpra a pena que deveria cumprir, de outro, o tal ativista pode ser visto como um mártir. para quem acredita em alguma coisa, falar que a justiça divina vai fazer o que a dos homens não fez é fácil, mas e para nós que não acreditamos e nem queremos acreditar? tudo bem cada um ter sua religião e fé, acabar se apegando a isso sentindo que eventualmente essas pessoas vão ter a punição que merecem, mas eu não queria contar com isso.
meu desejo é que essas pessoas de fato paguem por tudo que fizeram, porque não é como se elas tivessem ferrando a própria vida, tem toda uma nação junto. toda a ideologia que essas pessoas pregam adoecem a sociedade a cada dia que passa.
eu queria sim que a justiça dos homens fizesse seu papel. ainda que até mesmo isso não impede a corja fascista de voltar. Nuremberg está aí para mostrar que mesmo julgando e punindo, o mundo pode cair nos braços do fascismo de novo.
e se não bastasse tudo que fizeram, ainda esperam perdão, ainda esperam empatia, algo que eles mesmo desprezam. ver um fascista morrendo com o que ele mais ama, a bala, não me comove. não vou nem falar o que de fato essas pessoas merecem, ainda preciso manter um pouco de educação aqui.
ler Natalia Ginzburg agora talvez não tenha sido uma boa ideia. peguei para ler Léxico Familiar sem saber exatamente do que se trata, aliás sinto falta de poder começar a ler livros pura e simplesmente pelo acaso. enfim. ali, o que eu achei que seria uma ficção, acabou sendo basicamente uma autobiografia.
ela explora um pouco os trejeitos da sua família enquanto dá umas pinceladas do contexto histórico. o livro começa morno, acho que como a vida é de fato, morna, sem grandes acontecimentos. mas as coisas começam a virar quando a segunda guerra explode. ela vai contando como as coisas foram caminhando e isso que me assusta.
você vive num momento político conturbado. os fascistas começam a ter cada vez mais poder. começa a ter uma perseguição por todos os opositores ao regime, até que a perseguição vira algo explícito.
de fato não está sendo o melhor dos momentos para ler este livro, se já sou paranóica sozinha, imagina com algo mostrando o escalonamento do fascismo.
talvez por isso, comemorar para mim, que já é difícil, ficou ainda pior. porque se não temos a segurança de que toda essa ideologia covarde vai sumir, se a justiça tarda e falha, o que será de nós?
não deu uns dias e já temos um caos de pecs ridículas querendo ser aprovadas.
a da anistia, patética porque querer perdoar pessoas que atentaram contra a democracia, pessoas também que não possuem a mínima noção do que é censura, do que é tortura. e reclamam por simplesmente não poderem cometer crimes. o que essas pessoas acham que fizeram para ser passível de perdão?
e a da blindagem, que basicamente é um aval para que políticos possam cometer crimes sem serem devidamente punidos.
e aqui eu trago o lampejo de esperança no meio de tanto caos.
primeiro ver que manifestações populares fazem sim efeito. o povo saiu na rua e o senado já enterrou a pec da blindagem. e não só isso, começaram a tentar caminhar com a isenção do imposto de renda.
talvez por termos ficado muito tempo dentro de casa, parece que dá uma sensação que sair nas ruas não surte efeito. mas funciona e é a principal arma nossa para tentar frear o que fazem ali.
temos que tomar a rua, mais do que nunca.
mas não só isso, apesar de tentarem, não conseguiram derrubar a nossa democracia e ano que vem temos algo importante para fazer.
sei que somos um pouco burros politicamente, não digo na questão ideológica, mas sim no sentido que não temos muita noção de como funciona o sistema político. focamos demais na figura do presidente e esquecemos que quem faz as leis é o congresso nacional, o senado e a câmara dos deputados.
os senadores representam o estado, enquanto os deputados represetam a população, tanto que os números são diferentes. temos mais de 80 senadores para mais de 500 deputados. e as eleições são diferentes, enquanto para senadores o voto é majoritário, ou seja, ganha quem recebe mais votos, os deputados são no proporcional, então entra uma quantidade para cada partido que receber mais votos. por isso que tem umas figuras muito esquisitas ali que você se questiona “quem votou nessa merda?”.
e ano que vem tem um tempero extra: vamos renovar 2/3 dos senadores, ou seja, vamos votar para 2 senadores.
então, trago essa nova esperança e essa atenção: quando votar não foque somente no presidente, preste atenção no congresso também.
nossa democracia cambaleia, mas ainda não caiu e podemos evitar que caia.
preste atenção nos políticos que de fato trabalham pelo povo, a gente pode evitar que o fascismo ganhe por mais uns 4 anos.
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Até a próxima.







