trends trends trends, que necessidade a gente tem de querer fazer parte de algo. quero fazer parte da última, mas não da forma como estão fazendo, quero fazer parte no sentido de dar o meu pitaco.
convenhamos, não é de hoje que as mulheres resolvem compartilhar as pérolas que ouvimos do cisgênero masculino. no meu twitter dá para ver alguns prints de uns absurdos que li e muitos outros estão bloqueados em alguma parte da minha memória. mas, o que temos de diferente é ter um compilado dessas conversas.
POV: homens
não peguei tudo que foi dito, mas o que eu vi me fez dar aquela risadinha com um pouco de sofrimento pensando na dor que é se relacionar com homens.
pipipi mas você fala isso enquanto se relacina com um
correto, mas isso não tira o sofrimento dos sei lá, mais de 20 anos lidando com homens das mais diversas idades e classe social, ouvindo, lendo e vendo as mais diversas atrocidades.
poderia até acrescentar algo nessa trend, mas, honestamente, quando a pessoa sai da minha vida tudo é deletado e ela vira puramente uma memória meio distorcida.
depois de alguns dias da mulherada compartilhando os pedaços de conversa, claro que bateu a necessidade de protagonismo do lado masculino. “se fizesse um pov: mulheres, esse site parava", disse um no antigo twitter. foi como uma espécie de chamado, um uivo em uma lua cheia do macho chamando todos da alcateia, pois havia chegado a hora de atacar. vamos mostrar às mulheres o que elas nos falam.
confesso que estava ansiosa por esse momento, quem sabe ver algum guerreira fazendo o homem provar do próprio veneno, ou sei lá, alguma mente maligna executando algum plano bem elaborado de vingança, ou fazendo algo por pura maldade mesmo. não, não foi isso o que rolou. no fundo ficou uma sequência interminável de conversas nas quais as mulheres apenas diziam que não estavam mais afim, por N motivos, e que não iriam mais continuar conversando.
curti o role, mas acabou.
isso, uma mera e simples rejeição.
tem mulher maldosa e maluca por aí? claro que tem. mas é interessante olhar essa perspectiva de sofrimento do lado masculino. uma mera e simples rejeição é encarada como um ato de ofensa, uma violência. o que não deixa de ser, de uma certa forma, afinal, ter o ego ferido é quase como uma facada nas costas.
contudo, é curioso a comparação de uma rejeição com caras que traíram, que falam que ficaram com outra por pena e até uma associação de mestruação com AIDS.
vamos colocar mais água no feijão?
a lista interminável de coisas que não são atraentes em homens. uma trend mais lá na gringa, porém os vídeos chegam aqui. acho que um bom pararelo é a lista de dos e don'ts em encontros que vemos no twitter, tipo “ não pode date no cinema, o homem tem que pagar etc…”.
acho interessante o quanto o isso pega no ego, mesmo de homens que não são tão afundados na misoginia. e aí a gente começa a entrar numa parada que eu ando pensando faz um tempinho, mas que ainda não sei o quão bem consigo colocar em palavras.
em suma, acredito que tudo isso parte de uma reação a uma percepção, inconsciente, de que o mundo talvez não será mais tão cis-masculino como é hoje. engraçado pensar isso, afinal, mesmo com baita avanços em direitos sociais e político, o quanto ainda falta para termos uma sociedade igualitária. num sentido macro e micro dela.
e quando digo micro, entramos no lance que reflito já faz alguns anos.
eu gosto bastante do fato das pessoas terem facilidade em desabafar comigo, principalmente homens. com mulheres eu compartilho também das minhas mazelas, mas homem? só ouço.
dentre tudo que já ouvi, sempre fico encaficada com as partes de insegurança nesse mundo dos relacionamentos. isto implica em ter questões com os mais diversos aspectos sobre si, desde aparência, até questão de intelecto e senso de humor.
individualmente, entendo a dor e realmente sei o quanto afeta o cara, mas num sentido amplo dentro desse micro, minha empatia meio que se esvai. insegurança é insegurança, contudo, isso nunca afetou o mundo masculino quando se trata de afetos.
eles reclamam quando fazemos alguma exigência, que às vezes envolve uma pura higiêne básica, enquanto esperam que sejamos magras, enquanto comemos podrão na esquina, de beleza natural sem maquiagem, mas ah se aparecer uma espinha ou uma olheira. não podemos ter um passado, afinal, o quanto isso afeta o ego dele, as marcas na pele só as que ele causa durante o sexo selvagem, sem estrias e sem tatuagem chamativa. inteligência? nunca jamais maior que a dele.
reclamam de um suposto sucesso de mulheres em aplicativos de encontro, enquanto nunca se relacionam sem ter ao menos um stepzinho, alguma reserva para caso não dê certo com a pessoa principal.
mas vá lá você fazer isso também.
isso é péssimo para ambos os lados, convenhamos, porém ver a reação dos homens de fazer com eles exatamente o que fazem com mulheres dá um gostinho gostoso, não vou negar.
e de fato adoro ver essa reação meio “você quer mostrar que eu sou horrível e fiquei chateado de provar que de fato sou uma péssima pessoa”. então, como uma boa criança mimada, quer fazer algo para tentar virar o jogo, mas no fim só reclama de algo perfeitamente normal. normal para gente, mas para ele é quase que um crime receber 01 unidade de rejeição.
tadinho do cara.
agora papo sério.
eu gostaria que a divulgação científica fosse feita de uma forma melhor, gostaria de trazer uma pesquisa aqui, porém, o máximo que li foi uma matéria na folha de são paulo. o lance era de que está tendo uma diferença de aspectos progressistas e conservadores entre homens e mulheres nas gerações mais novas.
homens estão ficando mais convervadores e mulheres mais progressistas. acho que todo esse papo de hoje me faz pensar nos pequenos e grandes motivos dessas diferenças.
claro que mulheres estão mais progressistas, afinal a gente precisa o tempo todo se preocupar sobre nossa sobrevivência, direitos sociais e tipo tentar não ser morta por algum homem cis. e claro que homem ficam cada vez mais conservadores, antes não existia qualquer preocupação sobre ser um bom parceiro, um bom pai ou qualquer coisa que demande responsabilidade, então, ter que mudar de um status no qual você não se preocupa com nada e que tudo é seu por direito para um no qual nada é seu, te faz imaginar que o mundo de antes era melhor.
no final das contas, é engraçado ver esses comparativos de POV, como se uma mera rejeição acabasse sendo um símbolo máximo de uma violência feminina contra homens. como se de fato existisse uma simetria disto com o pânico de ser violentada.
relacionamento é uma parada para qualquer pessoa, mas ser uma mulher cis que se relaciona com homens cis ainda sim é uma parada mais complicada.